Futebol existe? Ou é invencionice?
- paulochedid
- 7 de jan. de 2019
- 2 min de leitura
O futebol existe porquê pessoas inventaram.
É uma ficção.
Ou você não concorda?

Lá pela página 299, do seu livro “21 lições para o século 21”, Yuval Noah Harari, autor de Sapiens e Homo Deus, diz que se você prestar atenção, vai achar ridículo 22 pessoas correndo atrás de uma bola num campo de futebol. Mas, você não presta atenção.
Futebol é invencionice humana. Não existe. Mas, acaba por se tornar coisa muito séria,”ajuda a formar identidades pessoais, pode gerar comunidades em grande escala e pode até mesmo ensejar motivos para violência.”
E Yuval Noah Harari, conclui: “Nações e religiões são times de futebol hipertrofiados.”
Fato ou Fake?
Jogam Ferroviária, de Araraquara e Radium, de Mococa, pelo título da segundona, que daria ao vencedor o direito de disputar o Campeonato Paulista de Futebol do ano seguinte. Cabe a João Etzel a arbitragem com a responsabilidade de fazer vencer a Ferroviária.
Jogo de campeonato era só bola pro mato. Ninguém ataca. Só marca. E o João colabora com uma faltinha aqui outra ali. Mais lá do que cá. E nada da Ferroviária, um timaço, ameaçar o Radium.
De repente, assim, sem mais nem menos, bola aérea na área do Radium. Vem do céu, molhada pela única nuvem. Aqui em baixo, um ruivo enorme, de apelido Ponce de Leon, por semelhança com outro avante ruivo, olha a bola como uma ameaça a dominar. De tanto olhar, tropeça na própria chanca e vai ao chão, antes que a bola. Sua Senhoria o Juiz apita pênalti para alegria geral, menos para a torcida de Mococa.
Lá de trás vem o beque Antoninho, de chute forte, a quem cabe bater tiro de meta e penalidades. Arruma com carinho, na marca, toma conveniente distância, obedece ao apito e... manda a bola de volta para o espaço. Era um tempo de uma bola só. A torcida frustrada esconde a bola do jogo. Indignação, quase uma revolta, justificada por tamanha decepção.
Segue o jogo quase a acabar, bola na área. De longe, juiz João apita forte, dedo em riste para a marca de cal. Lá vem o Antoninho. Como de hábito, enche o pé. Direto na arquibancada. Inacreditável. Como pode? Loucura!
Da terceira vez, a bola nem na área chega, ninguém cai, só o apito apita. Na mancha. Antoninho arruma com o capricho costumeiro. Gentilmente, João, juiz experiente, recolhe a bola, caminha até Antoninho, paternalmente põe a mão espalmada em sua nuca e declara: “Você não!”
Paulo Chedid
20 de novembro de 2018
P.S. O fato ou fita, foi uma delação do já ex-árbitro João Etzel, numa segunda-feira à noite, ao vivo pela TV Cultura, com testemunho na bancada de Luiz Noriega, Orlando Duarte, Paulo Planet Buarque e eu. Produção de Pedro Tadeu Zorzetto.
O ser humano realmente é muito interessante. Ótimo texto!